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EDUCAÇÃO

Na Educação democrática, todos avaliam todos

Para evoluir, precisamos inverter alguns papéis de vez em quando.

Publicado em 10/04/2019 às 06:40
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(Foto: Divulgação)

Uma das coisas mais difíceis que aprendemos sobre a vida (ou que deveríamos aprender) é que as possibilidades de lidar com as experiências que se colocam em nosso caminho não seguem a lógica de uma receita de bolo. Ou seja: fórmulas que sempre deram certo podem, de repente, não mais funcionar. Isso é inquietante e desafiador, pois nos impõe a necessidade de trilhar novos caminhos, buscar aprimoramento constante e nos reinventar.

Não é diferente no dia a dia educacional. Nós, professores e gestores escolares, jamais saberemos em quais pontos podemos melhorar – e sempre podemos melhorar – se não realizarmos uma autocrítica permanente. No entanto, mesmo a autocrítica possui vícios óbvios de origem. Por mais exigentes que sejamos, sempre teremos dificuldade em apontar com precisão o que precisamos melhorar em nós mesmos sem “ajuda” externa.

Por isso, defendo que o fazer diário da Educação seja um processo no qual todos avaliam todos. E considero importante fazer uma observação prévia: é necessário que se tire a carga negativa que o verbo “avaliar” carrega. Avaliar não significa estabelecer uma classificação, algo como bom ou ruim; e sim refletir e ponderar sobre o papel que cada um exerce e quais as suas possibilidades de intervenção.

Por isso, ao final de cada trimestre, convido os meus alunos a me avaliarem.

Peço para que apontem em um pedaço de papel, de forma anônima, aspectos que considerem positivos e aspectos que poderiam melhorar nas aulas da disciplina. Há ainda outros fatores que me interessam: como eles avaliam a relação entre aluno e professor? Há clareza e objetividade nas explicações? Aproveitamento adequado do tempo? Domínio da turma? Como está a mediação nas situações de conflito?

Com a exceção de algumas brincadeiras óbvias (como “deveríamos jogar bola durante as aulas”), essas avaliações sempre foram fundamentais no meu crescimento profissional e já me ajudaram a fazer vários ajustes de percurso. Recebi críticas e elogios sobre as situações mais diversas possíveis, e assim pude refletir sobre cada uma delas.

Além disso, os alunos precisam sentir que fazem parte de forma ativa do processo de aprendizagem, e isso inclui opinar de forma respeitosa sobre o que lhes agrada ou desagrada. A Educação democrática é a única que nos permite crescer, mas exige sair da zona de conforto e inverter alguns papéis de vez em quando.

Luís Felipe Loro | Igrejinha/RS

Sobre o Autor

Professor de Língua Portuguesa, com Graduação em Letras pela Universidade Feevale, e especialização em Formação de Leitores pela Faculdade Dom Bosco.

Luís Felipe Loro | Igrejinha/RS


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