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ECONOMIA

Por que a gasolina chega tão cara ao consumidor no Paranhana?

Carga tributária é a grande vilã, aponta diretor taquarense da Sulpetro

Publicado em 26/02/2018 às 22:43

(Foto: Divulgação)

O motivo do alto valor do litro de gasolina pago pelo brasileiro nunca foi exatamente algo muito claro na cabeça da maioria. Afinal, o País possui abundantes jazidas de petróleo — que é matéria-prima para os mais diversos combustíveis —, e isso sempre despertou a clássica pergunta do consumidor: “por que, ainda assim, pagamos tão caro?”

Recentemente, a Petrobras passou a divulgar em seu site os preços médios que cobra nas refinarias para a venda de gasolina às distribuidoras, e informou que fica com cerca de 28% do total que os consumidores pagam por litro nas bombas.

A política de divulgação foi anunciada no começo de fevereiro pelo presidente da estatal, Pedro Parente. Em comunicado, a empresa diz que a medida dá mais transparência à composição do preço final dos combustíveis.

No Vale do Paranhana, o custo médio do litro de gasolina é de R$ 4,12. Para detalhar esse valor final e elucidar algumas dúvidas, o portal TCA News conversou com o diretor da Sulpetro – Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do RS.

ENTREVISTA

George Fagundes, diretor da Sulpetro – Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do RS

O preço final ao consumidor começa com o valor pelo qual a gasolina chega aos distribuidores vindo das refinarias – seja da Petrobras ou privadas. Como é feita a composição do preço do litro? Exemplo: o preço médio é de R$ 4,12. Desse valor, quanto é da Petrobras, quanto é de impostos e quanto de distribuição e revenda?

A Gasolina A (pura) sai da refinaria por R$ 1,56, informação pública divulgada no site da Petrobras 

Desse valor, deve-se considerar 73%, pois será acrescentado 27% de etanol anidro nas distribuidoras. Essa adição de etanol anidro custa em média R$ 0,58 por litro de gasolina. O preço desse item varia de acordo com a safra da cana-de-açúcar e também com a cotação internacional, pois as usinas optam pela exportação de açúcar caso seja favorável a elas, aumentando assim o valor do etanol para as distribuidoras.

Nos tributos, temos a seguinte composição: ICMS 30% sobre um preço de pauta médio do RS, definido quinzenalmente pelo Ato Cotepe, hoje fixado em R$ 4,41. Portanto, mesmo que o preço do combustível pago na bomba seja em torno de R$ 4,12, o ICMS é pago sobre R$ 4,41, ou seja, R$ 1,33 por litro é do governo estadual.

Em resumo, essa é a construção do custo total sem margem para distribuidoras e revendedores, que chega ao valor de R$ 3,74:
R$ 1,14 – Gasolina A
R$ 0,58 – Etanol anidro
R$ 1,33 – ICMS
R$ 0,62 – PIS/Cofins
R$ 0,07 – Cide

Além desses custos iniciais de produção e tributos, deve-se considerar valores de fretes, margem das distribuidoras e margem da revenda.

Diante de tanta competividade de preços, há algumas situações que despertam a velha desconfiança da população em relação à formação de cartéis entre os proprietários de postos. Qual a realidade do empresário do ramo?

Hoje, a revenda de combustível enfrenta dificuldades como qualquer outro ramo. Porém, a exposição do tema no nosso segmento é muito delicada devido a essa desconfiança. Cada empresário busca de alguma forma cobrir o déficit do produto combustível agregando serviços ao seu negócio, como troca de óleo, lavagem e conveniências.

A legislação brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados. Isso é que justifica os valores mais altos, por exemplo, em cidades turísticas, como Gramado?

Sim, isso é importante dizer. Cada empresário é livre para praticar o preço do combustível. A questão da variação de preço é realmente de mercado, pois, conforme exposto acima, o valor de compra do combustível é muito parecida. Variação pequena de uma distribuidora para outra e frete também não são itens que pesam no preço de compra. Então, em cada mercado, o que influencia o preço final é oferta e demanda. Nossa região é conhecida por ser dos preços mais baixos no RS, algumas eventuais promoções em outras regiões. Em mercados onde os preços aos consumidores são mais elevados, a margem fica entre as distribuidoras que também observam o mercado para poder ajustar seus preços e com os postos revendedores.

O Brasil tem autonomia na produção de petróleo. Você acha que a Petrobras possui uma política de preços que segue a lógica do mercado internacional de combustíveis?

A Petrobras fechou 2017 com quase 30% de ociosidade, pois a importação de gasolina A estava mais atrativa para as distribuidoras. Para 2018, taxaram a importação de gasolina A para que suas unidades voltem a trabalhar com capacidade plena. Essa medida da Petrobras pode impactar o custo da gasolina A, porém vejo que a safra da cana-de-açúcar influencia muito, talvez mais que o custo da gasolina A, sendo que não produzimos esse componente no RS, tem custo de frete e diferença de ICMS dos estados produtores. Quanto às alterações dos preços, acredito que a transparência seja a melhor forma de trabalhar, pois quando abrimos o custo do produto, identificamos onde está o custo. Mais da metade do custo é imposto.

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