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SAÚDE

Sem avaliação, prática de exercícios pode ser gatilho para problemas s

Marco Aurélio Prado, 54 anos, teve parada cardíaca mesmo nadando quatro vezes por semana

Publicado em 06/03/2018 às 02:00

Coração: fique atento antes dos exercícios físicos (Foto: Internet)

Eram 8h30 do dia 6 de fevereiro. O funcionário público Marco Aurélio Prado, 54 anos, teve um “apagão”. Só acordou no hospital e não lembra o que ocorreu declarou dia 26 de fevereiro, quando completou uma semana que ele recebeu alta do hospital depois de permanecer internado 14 dias.

O diagnóstico? Uma parada cardíaca. O que surpreende em sua história é que ele não é sedentário, fator que a ciência aponta como risco para o infarto. Nos últimos cinco anos, no mínimo, quatro vezes por semana ele nada em uma piscina semi-olímpica de 25 metros. “Eu nado de forma contínua, sem parar”, sublinha Prado, uma rotina diferente de seu pai, que faleceu aos 69 anos por problemas cardíacos.

“Meu pai era sedentário, obeso e fumava. Mesmo com atendimento médico, não conseguiram reanimá-lo e infelizmente ele não sobreviveu”, conta. Quando questionado se ficou surpreso pelo fato de praticar exercícios e sofrer a parada cardíaca, ele responde que “são coisas do destino. Só Deus explica.”

O representante da Sociedade de Cardiologia RS no Vale do Sinos, o cardiologista Leandro Roese, alerta que todos, antes de praticar exercício, precisam passar por avaliação médica. “O exercício físico, feito de maneira inadvertida, sem avaliação, pode levar a morte súbita”, sublinha.

Essa situação pode vir a acontecer porque poderá ter uma manifestação de uma arritmia maligna do coração, que é uma fibrilação ventricular (uma série de contrações ventriculares descoordenada, ineficazes e muito rápidas, causadas por múltiplos impulsos elétricos caóticos) ou taquicardia ventricular, que pode ocorrer tanto em atleta como em quem pratica exercício por lazer.

Avaliação

Embora provado cientificamente que a prática regular de exercício pode diminuir a morte de origem cardiovascular, o aparecimento de hipertensão e mortalidade em geral, todas as pessoas que vão praticar exercícios físicos regulares e que têm histórico familiar de doença cardíaca, com mais de 40 anos, que tenham fatores de risco para doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes, colesterol alto e que não estejam praticando exercício físico, devem procurar primeiramente uma avaliação médica para praticar com segurança.

“A prática do exercício pode manifestar um problema do coração. É como acelerar um carro que precisa de mais motor. O exercício vai exigir mais do coração”, compara o cardiologista do Hospital Mãe de Deus, Cícero Baldin, explicando que é comum o exercício manifestar o problema do que provocá-lo.

É preciso orientação

De acordo com o cardiologista Baldin, os maiores riscos de infarto estão relacionados à qualquer atividade física extenuante praticada de maneira apenas esporádica ou eventual, principalmente quando realizada de forma intensa e sem orientação. “O ideal para quem nunca praticou exercícios, principalmente para pessoas acima de 50 anos, é saber antecipadamente como está o coração. E quem é mais jovem e tem histórico de família precisa passar por uma avaliação médica”, recomenda Baldin.

“Paciente com histórico familiar de problemas cardíacos pode vivenciar um entupimento das artérias do coração por conta de um estresse físico”, declara o cardiologista Leandro Roese. Se a pessoa tem propensão, ela vai correr ou caminhar e, em dado momento, aquele estresse físico libera fatores hormonais, aumenta a pressão e isso faz com que uma placa de colesterol se rompa. Daí forma um coagulo e fecha abruptamente a irrigação de boa parte do coração. Com a interrupção da irrigação, o coração se irrita e forma a fibrilação ventricular, a principal causa de morte nos pacientes que têm infarto agudo do miocárdio, uma das doenças que mais mata no mundo, assim como o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Parada cardíaca no trabalho antes da natação

O funcionário público Marco Aurélio Prado conta que estava no final do expediente. Ele trabalha na madrugada e sai pela manhã direto para a piscina. Naquela terça-feira foi diferente. Ele só consegue narrar o que lhe foi contado, pois não lembra de nada. “Eu fiquei à mercê do socorro dos colegas em um primeiro momento e depois da Samu”, diz.

A parada cardíaca ocorreu faltando 30 minutos para o funcionário público sair do trabalho. Ele estava sentado. Seus colegas que, por sorte, tinham participado de curso de primeiros socorros viram quando ele deu uma suspirada e foi caindo da cadeira. A funcionária que atua como técnica do trabalho e equipe terceirizada da empresa foi acionada, ajudando no primeiro socorro, e o Samu chegou rapidamente e ele chegou a tempo no hospital que tem uma nova área de triagem cardiovascular avançada, onde acordou no mesmo dia.

Os médicos não conseguiram localizar uma causa certa do que ocorreu com Prado, que do dia 6 até 19 deste mês, fez vários exames, cateterismo e um procedimento final com a colocação do Cardioversor Desfibrilador Implantável (CDI). Sua previsão é retornar em março, com a liberação médica e com alguns dias de férias. “Sem o esporte eu degringolo”, conta o pai de uma família onde o esporte faz parte da rotina.”

Fique atento

Se você não exercitou-se antes ou faz tempo que não pratica exercício, fale com seu médico antes de começar um programa de atividade de exercícios.

Se você tem doença cardíaca ou fator de risco para isso (como pressão alta ou diabetes), seu médico precisa recomendar testes de exercícios antes de começar um programa de exercícios.

Quando você começar um programa de exercício, comece vagarosamente. Por exemplo: faça o exercício em ritmo lento ou por cinco minutos somente. Ao longo do tempo, você pode exercitar-se mais rapidamente e por longos períodos.

Acione ajuda médica em caso de náusea ou vômitos; dores ou pressão em seu peito, braços, garganta mandíbula ou costas; quando sente que seu coração está vibrando ou batendo muito rápido; quando sente-se tonto ou fraco e em caso de desmaios.

SAIBA MAIS

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) cerca de 1 milhão de pessoas morreram entre 2014 e 2016 por problemas no miocárdio.

A doença causa insuficiência cardíaca, anormalidade na frequência dos batimentos no coração e em casos mais graves morte súbita.

Os sintomas mais comuns incluem dores no peito, falta de ar, leve febre e fraqueza no corpo.

A intensidade das atividades precisam ser acompanhadas. É preciso evitar os excessos dos exercícios físicos sem acompanhamento médico e ter uma alimentação regulada para não enfraquecer o organismo.

Nunca aumente o seu treinamento sem as instruções do educador físico, pois esse excesso pode ser prejudicial à saúde.

Faça visitas ao médico regularmente para verificar a situação do coração também é 
importante e previne as doenças do coração.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

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