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SAÚDE

Alergias respiratórias: entre 30% e 40% da população sofre com a rinite

Alergista Bayard Mercio Feltes explica sobre a doença que, normalmente, é hereditária

Publicado em 06/05/2018 às 21:57
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Feltes explica técnicas usadas para aliviar crises, além de medicamentos e até vacina específica (Foto: Divulgação)

Tosse, espirra, entope o nariz, lacrimeja, coça a garganta, desce a coriza, incha o rosto. E, às vezes, é quase tudo isso junto. Mais do que os sintomas de uma gripe comum, as alergias respiratórias chegam, nesta época do ano de esquenta e esfria, carregadas de incômodos. O tema tem ganhado cada vez mais importância na área médica e o dia 7 de maio é lembrado no País como o Dia Nacional de Prevenção às Alergias.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, 35% da população brasileira têm algum tipo de alergia, sendo que as mais comuns são estas que vem pelo ar. Hoje, conforme a Organização Mundial da Alergia (WAO), entre 30% e 40% da população mundial sofre com a rinite alérgica. E se engana quem pensa que é só dar uma limpadinha na casa para nunca sofrer com uma alergia.
O médico alergista Bayard Mercio Feltes explica que, normalmente, a doença é hereditária.“A pessoa alérgica geneticamente já vem ao mundo com uma característica, um número a mais de anticorpos chamados Imunoglobulina E, os IgE, e vai inalando poeira, ácaros. Parece que quem tem anticorpos a mais deveria estar mais bem protegido, mas na verdade esta pessoa costuma responder a estes ácaros com mais força, espirra mais que os outros, tem mais formação de coriza, o nariz se enche de sangue nas mucosas, e tudo isso é um mecanismo de defesa. Alergia é, então, uma resposta exagerada que algumas pessoas têm em uma reação dos anticorpos contra algumas coisas que eles não toleram. Aí a tendência é espirrar, é botar para fora. O espirro é um mecanismo de defesa e a coriza, aquela aguinha que desce, é para lubrificar e para tirar fora o que está fazendo mal”, detalha.

Sinusite

O médico ainda ressalta que, quando não tratada corretamente, a doença evolui para um processo inflamatório, que chamamos de sinusite. “Nos seios da face é para se ter ar, então aquela coriza que não escorre, principalmente quando a pessoa deita, vem e para onde é para ter ar. Na água parada vai micróbio, infecta. Quando não há controle, ocorre a sinusite de repetição, que pode até mesmo precisar de cirurgia, aí otorrinos, pneumologistas também entram no processo. Meu pai foi o primeiro alergista da região e ele dizia que o nariz é a parte dos pulmões em que a gente consegue botar os dedos, e é bem isso”, conta.

Tratamentos

Alergia não tem cura, é preciso destacar. Porém há tratamentos que ajudam a minimizar o problema e que devem ser seguidos não só em tempos de crises respiratórias. “São cerca de 2 milhões e 500 mil ácaros numa cama de casal. Então de noite, quando a pessoa deita na cama e a aquece com a temperatura do corpo, os ácaros sobem para o lençol e a gente os respira. De manhã, muita gente acorda com coceira no nariz porque dormiu em cima de ácaros. São três pontos a observar: cuidados ambientais, medicamentos preventivos e vacinas. O primeiro é utilizar aspiradores com filtro especial, há alguns com filtros hepa [de alta eficiência na sucção das partículas] ou com água. O ideal é a cada três meses ou pelo menos uma vez por semestre aspirar os colchões. Usar capas para travesseiros e colchões, não varrer tanto o quarto, passar mais pano úmido, deixar a casa arejada. Não fumar, manter gatos e cães fora de casa”, cita.

As demais observações envolvem o tratamento. “O segundo ponto é a medicação leve e na hora correta. Temos medicamentos para a crise alérgica e para tratamentos preventivos. O paciente alérgico geralmente só trata as consequências. Em vez de cuidar da rinite, trata a sinusite, com corticoides, antibióticos. Acaba tratando uma pneumonia em vez da asma, pois acaba indo para a infecção. Alérgicos têm que cuidar do nariz pelo resto da vida. Há medicamentos para serem usados antes de provável exposição ao pó ou durante viagens, por exemplo. Temos antialérgicos leves, preventivos, que não engordam, não dão sono, não têm cortisona, não têm cor, não têm cheiro e podem ser usados pelas grávidas.”

O terceiro ponto citado pelo especialista são as vacinas. “É colocar na pessoa o que lhe causa alergia, é a imunoterapia específica. O tratamento leva de dois a três anos, e de 15 em 15 dias é colocado, de forma subcutânea, o fator da alergia. Os anticorpos vão se acostumando e criando ainda outro tipo de anticorpos que disputam com a poeira, por exemplo, mas não causam alergia. A concentração inicial é fraquinha e vai sendo aumentada, acostumando o organismo. É o único tratamento que, quando bem indicado, mexe com a causa da alergia.”

Respirar pela boca? Não!

Embora durante uma crise alérgica seja bem mais fácil respirar pela boca, o alergologista recomenda que se evite a prática. “Quem respira pela boca acaba tendo mais infecções de garganta, faringe e laringe, fica com a voz rouca, afônico, ou muitas vezes tem asma. Acaba respirando um ar não filtrado, não aquecido, não umidificado e isso é motivo do fechamento dos brônquios, que é a asma. A asma tem, então, uma série de causas, não só alergia. A pessoa que tosse quando ri ou quando corre já tem um tipo de asma, mais leve, que nem é percebida. E esta é uma palavra que temos que desmistificar: asma é apenas o broncoespasmo, o fechamento dos brônquios”, destaca.

O mesmo alerta vale para o sono em ambiente com ar-condicionado ligado. “Muitas vezes, quando a gente relaxa, abre a boca. Então, ar seco e gelado entra pela boca e é caminho para a tosse, desidrata a mucosa nasal. Melhor é usar um umidificador ou então resfriar primeiro o ambiente, desligar o ar-condicionado e entrar.”

Pingos no nariz

Para quem recorre às famosas gotinhas descongestionantes, Feltes alerta para o perigo no uso constante destes medicamentos, chamados de vasoconstritores nasais. “Se usados por duas ou três noites, ok. Mas se muito usados causam a rinite, em um efeito rebote químico. Além disso, quando se pinga no nariz inchado estes remédios fecham os vasos, a pessoa respira melhor, mas também fecham os vasos sanguíneos dos olhos, aumentando a pressão e causando glaucoma. Há outros medicamentos para uso tópico nasal para alergia, que não viciam e devem ser usados por um tempo maior, para prevenção”, explica.

Cuidados em casa para evitar crises de rinite alérgica

- Prefira o uso de colchões e travesseiros de espuma, fibra ou látex e sempre protegidos por capas impermeáveis, evitando o contato do alérgico com a poeira e ácaros
- Evite bichos de pelúcia, estantes com livros ou qualquer outro local que possa acumular poeira e ácaros próximo ao local de dormir 
- Evite animais de pelo e pena, especialmente no quarto ou na cama 
- Combata o mofo e a umidade, pois os fungos se encontram, 
principalmente, em ambientes úmidos 
- Evite o uso de vassouras, espanadores e aspiradores de pó comuns. Prefira passar um pano úmido diário ou usar aspiradores de pó com filtros especiais, duas vezes por semana - Evite tapetes, carpetes, cortinas e almofadas, pois acumulam poeira e ácaros. Dê preferência a pisos laváveis e cortinas que possam ser limpas com pano úmido 
- Não fume e nem deixe que fumem dentro de casa.

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