Tosse, espirra, entope o nariz, lacrimeja, coça a garganta, desce a coriza, incha o rosto. E, às vezes, é quase tudo isso junto. Mais do que os sintomas de uma gripe comum, as alergias respiratórias chegam, nesta época do ano de esquenta e esfria, carregadas de incômodos. O tema tem ganhado cada vez mais importância na área médica e o dia 7 de maio é lembrado no País como o Dia Nacional de Prevenção às Alergias.
O médico ainda ressalta que, quando não tratada corretamente, a doença evolui para um processo inflamatório, que chamamos de sinusite. “Nos seios da face é para se ter ar, então aquela coriza que não escorre, principalmente quando a pessoa deita, vem e para onde é para ter ar. Na água parada vai micróbio, infecta. Quando não há controle, ocorre a sinusite de repetição, que pode até mesmo precisar de cirurgia, aí otorrinos, pneumologistas também entram no processo. Meu pai foi o primeiro alergista da região e ele dizia que o nariz é a parte dos pulmões em que a gente consegue botar os dedos, e é bem isso”, conta.
Alergia não tem cura, é preciso destacar. Porém há tratamentos que ajudam a minimizar o problema e que devem ser seguidos não só em tempos de crises respiratórias. “São cerca de 2 milhões e 500 mil ácaros numa cama de casal. Então de noite, quando a pessoa deita na cama e a aquece com a temperatura do corpo, os ácaros sobem para o lençol e a gente os respira. De manhã, muita gente acorda com coceira no nariz porque dormiu em cima de ácaros. São três pontos a observar: cuidados ambientais, medicamentos preventivos e vacinas. O primeiro é utilizar aspiradores com filtro especial, há alguns com filtros hepa [de alta eficiência na sucção das partículas] ou com água. O ideal é a cada três meses ou pelo menos uma vez por semestre aspirar os colchões. Usar capas para travesseiros e colchões, não varrer tanto o quarto, passar mais pano úmido, deixar a casa arejada. Não fumar, manter gatos e cães fora de casa”, cita.
O terceiro ponto citado pelo especialista são as vacinas. “É colocar na pessoa o que lhe causa alergia, é a imunoterapia específica. O tratamento leva de dois a três anos, e de 15 em 15 dias é colocado, de forma subcutânea, o fator da alergia. Os anticorpos vão se acostumando e criando ainda outro tipo de anticorpos que disputam com a poeira, por exemplo, mas não causam alergia. A concentração inicial é fraquinha e vai sendo aumentada, acostumando o organismo. É o único tratamento que, quando bem indicado, mexe com a causa da alergia.”
Embora durante uma crise alérgica seja bem mais fácil respirar pela boca, o alergologista recomenda que se evite a prática. “Quem respira pela boca acaba tendo mais infecções de garganta, faringe e laringe, fica com a voz rouca, afônico, ou muitas vezes tem asma. Acaba respirando um ar não filtrado, não aquecido, não umidificado e isso é motivo do fechamento dos brônquios, que é a asma. A asma tem, então, uma série de causas, não só alergia. A pessoa que tosse quando ri ou quando corre já tem um tipo de asma, mais leve, que nem é percebida. E esta é uma palavra que temos que desmistificar: asma é apenas o broncoespasmo, o fechamento dos brônquios”, destaca.
O mesmo alerta vale para o sono em ambiente com ar-condicionado ligado. “Muitas vezes, quando a gente relaxa, abre a boca. Então, ar seco e gelado entra pela boca e é caminho para a tosse, desidrata a mucosa nasal. Melhor é usar um umidificador ou então resfriar primeiro o ambiente, desligar o ar-condicionado e entrar.”
Para quem recorre às famosas gotinhas descongestionantes, Feltes alerta para o perigo no uso constante destes medicamentos, chamados de vasoconstritores nasais. “Se usados por duas ou três noites, ok. Mas se muito usados causam a rinite, em um efeito rebote químico. Além disso, quando se pinga no nariz inchado estes remédios fecham os vasos, a pessoa respira melhor, mas também fecham os vasos sanguíneos dos olhos, aumentando a pressão e causando glaucoma. Há outros medicamentos para uso tópico nasal para alergia, que não viciam e devem ser usados por um tempo maior, para prevenção”, explica.
- Prefira o uso de colchões e travesseiros de espuma, fibra ou látex e sempre protegidos por capas impermeáveis, evitando o contato do alérgico com a poeira e ácaros
- Evite bichos de pelúcia, estantes com livros ou qualquer outro local que possa acumular poeira e ácaros próximo ao local de dormir
- Evite animais de pelo e pena, especialmente no quarto ou na cama
- Combata o mofo e a umidade, pois os fungos se encontram,
principalmente, em ambientes úmidos
- Evite o uso de vassouras, espanadores e aspiradores de pó comuns. Prefira passar um pano úmido diário ou usar aspiradores de pó com filtros especiais, duas vezes por semana - Evite tapetes, carpetes, cortinas e almofadas, pois acumulam poeira e ácaros. Dê preferência a pisos laváveis e cortinas que possam ser limpas com pano úmido
- Não fume e nem deixe que fumem dentro de casa.