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COMPRA FRUSTRADA

Clientes de empresa de Igrejinha dizem que pagaram móveis, mas nunca receberam

Ao menos oito denúncias com relatos de um suposto golpe, aplicado em pessoas de diversas cidades, são investigadas pela Polícia Civil de Igrejinha.

Publicado em 07/01/2021 às 21:45
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(Foto: Divulgação / PC / Portal Região dos Vales)

O desejo de adquirir móveis únicos, confeccionados em madeira maciça e com visual diferenciado, acabou em transtorno e perda de dinheiro para clientes de uma empresa com sede em Igrejinha. O suposto golpe relatado pelas vítimas consiste no não recebimento dos itens após o pagamento. A Delegacia de Polícia do município tem pelo menos oito boletins de ocorrência nesse sentido contra a empresa, identificada como Shabby Chic.

Os relatos são de diversos municípios do Estado, como Porto Alegre, São Vendelino e Santa Maria. Mas a Polícia Civil acredita que esse montante deve aumentar, pois registros feitos em outros municípios podem estar represados.

O suposto golpe investigado pela polícia consiste em três momentos, segundo o relato das vítimas. Clientes escolhem determinado móvel no site ou nas redes sociais da empresa e efetuam parte do pagamento para confecção ou entrega do objeto. Após o repasse do dinheiro, as vítimas entram em uma espiral, marcada pela falta de respostas ou sucessivas mudanças de prazos para entrega. Entre os itens oferecidos pela empresa estão racks, mesas e cozinhas sob medida.

O delegado Ivanir Caliari, titular na delegacia de Igrejinha, afirma que o caso está em fase inicial de apuração. Como a maioria dos relatos chegou à Polícia Civil por meio de boletins de ocorrência online, o delegado marcou uma audiência com parte das vítimas na delegacia do município na tarde desta quinta-feira (7).

Foi ouvido também o suposto proprietário da empresa nesta quinta. À polícia, ele alegou não ser dono, mas apenas funcionário da Shabby Chic. Segundo este homem, que não teve o nome divulgado, faz pouco tempo que a empresa trabalha com a confecção de móveis planejados e o aumento rápido de pedidos fez com que não conseguisse atender a demanda.

De acordo com o delegado, existe um grupo de WhatsApp com cerca de 30 pessoas que dizem ter sido enganadas pela empresa. Algumas das vítimas mostraram mensagens enviadas para o número comercial da empresa, sem obter nenhuma resposta. Mas, quando novos clientes entram em contato, por meio do mesmo número, são atendidos imediatamente. Segundo o delegado, isso prova que não se trata de um caso apenas de inadimplência.

— Um dos supostos donos já teve empresa em 2018 chamada Império da Madeira que, segundo consta, teve a mesma conduta. O inquérito foi instaurado para que seja possível buscar a responsabilização penal dos envolvidos.

Uma das pessoas que se dizem vítimas da empresa é a professora Juliana Mottini Klein, 38 anos. Moradora de Porto Alegre, Juliana teve o primeiro contato com a Shabby Chic ao comprar uma mesa e um aparador, em março de 2020. Nessa primeira compra, os produtos foram entregues normalmente.

Juliana então resolveu comprar uma cozinha para o seu apartamento com a mesma empresa, em abril. Ela pagou R$ 2,7 mil via boleto bancário pela metade do valor do móvel. Um dos representantes da empresa, que se apresentava como proprietário, chegou a ir até sua casa para fazer medições. O prazo para a entrega venceu em junho, e a professora enfrenta dificuldades para conseguir retorno.

— A gente fica com raiva de ter sido enganada. Guardei esse dinheiro muito tempo. Os primeiros eletrodomésticos que comprei para o apartamento eram para a cozinha. Antes de me mudar, a primeira coisa que pensei foi em fazer a cozinha — desabafa Juliana.

A professora foi duas vezes no endereço da fábrica informado no site. Nas duas ocasiões, foi recebida por um suposto funcionário que não dava respostas concretas sobre seu pedido. Cansada da falta de respostas ou retornos evasivos, Juliana resolveu entrar na Justiça para tentar reverter o prejuízo. Até o momento, o proprietário da empresa não compareceu nas duas audiências de conciliação realizadas. Ela registrou o caso na polícia.

— Fiquei mais de seis meses sem cozinha. Toda vez que eu entrava no ambiente, lembrava: "meu dinheiro se foi" — afirma.

"A questão não é o valor", afirma vítima

A vendedora Isabel Cristina Dalcin, 52 anos, de São Vendelino, passa pelo mesmo drama vivido por Juliana. Em junho de 2020, Isabel efetuou a compra de um rack após encontrar o produto na página do Facebook da empresa. Ela pagou R$ 200 de entrada pelo móvel. Como na maioria dos casos relatados, após o pagamento, ela passou a ter dificuldades para entrar em contato com a empresa, que oferece apenas contato de WhatsApp.

Em julho, após diversas tentativas de contato, Isabel recebeu resposta via WhatsApp. O interlocutor informou que ela poderia retirar o móvel na fábrica, em Igrejinha. Chegando no local, Isabel deparou com um depósito sem identificação, com pedaços de madeira e parte de móveis inacabados. Ela foi recebida por um suposto funcionário que não tinha informações sobre o pedido dela e que disse para fazer contato com o proprietário. Após as tentativas frustradas de adquirir o móvel ou o dinheiro, Isabel resolveu judicializar o caso. Ela também registou um boletim de ocorrência.

— Fico triste e magoada por causa dos meu colegas, onde o valor era maior. Gente que encomendou cozinha inteira. Enfim, meu móvel não era caro, mas a questão não é o valor. A questão é que são uns golpistas — afirma Isabel.

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