Portal da Cidade Igrejinha

VISÃO PESSOAL

Um olhar sobre o setor calçadista durante a crise

A oportunidade de avanços da nossa indústria calçadista no cenário mundial é agora. Aproveitamos ou perdemos.

Publicado em 10/04/2020 às 05:40
Atualizado em

(Foto: Reprodução / YouTube)

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Venho de uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, chamada Igrejinha.

Talvez você nunca ouviu falar de Little Church. Ela fica entre Porto Alegre e Gramado, uma linda cidadezinha gaúcha.

Colonizada pelo talentoso povo alemão é uma pequena e desconhecida cidade com talvez 35 mil habitantes, porém importantíssima no cenário calçadista nacional!

Nela estão as principais marcas de sapato feminino do Brasil.

Qualquer mulher brasileira conhece as marcas: Piccadilly, Usaflex, Jorge Bischoff, Calçados Beira Rio, Vicenza, Tabita e por aí vai...

Pois é! Tudo cria da minha terra.

Nossas marcas além de serem admiradas por seus designs, são de uma qualidade indiscutível no setor calçadista mundial. Se existe um produto brasileiro de respeito no mundo, é o sapato!

Já estive na principal feira de calçados da América em Las Vegas, e vi o quanto nosso produto brasileiro é respeitado nesse que é o maior mercado de sapatos do mundo; me refiro ao Estados Unidos.

Mas se você pensa que por esse motivo somos o maior exportador de sapatos para o EUA, se engana.

É a China quem mais vende para a América, mesmo sendo inferior a qualidade e o material usado por eles não conseguimos competir com o sapato chinês.

Onde esta o erro? Nós temos matéria prima em abundância (couro), a China não tem, nós temos linha de sapato chamada “conforto” de altíssima qualidade, a China não tem! Nossos sapatos duram mais, os da China são descartáveis.

Porquê não vendemos igual a eles?

Fiz essa pergunta a vários fabricantes de sapatos que conheço e depois de ouvir as explicações de como é fabricar no Brasil, pensei até em dar um troféu a esses guerreiros.

Eles trabalham com uma carga tributária pesadíssima, a maior do mundo! Leis trabalhistas severas, as piores do mundo. Juros bancários estratosféricos, os mais altos do mundo. Não existe incentivo do governo, não existe facilitação em leis, matéria prima e componentes caríssimos, ou seja, nunca conseguirão ter um preço competitivo no mercado mundial porque trabalham oito meses do ano para pagar impostos e encargos.

Sobram quatro meses para fazer malabarismo e tentar ter um lucro.

Para piorar, nossos políticos gaúchos não fazem absolutamente nada para mudar isso e a indústria calçadista brasileira agoniza a muitos anos tentando manter o título de um estado “Grande Produtor de Calçado.”

Agora diante desses acontecimentos, o mundo está de joelhos perante a China.

Essa seria a hora certa para o governo brasileiro mudar essa situação da indústria calçadista, desburocratizando, incentivando, fortificando essa indústria tão importante, dando condições de competitividade para invadirmos o maior comprador de calçados do mundo.

Mas infelizmente ninguém está ligando pra isso.

Continuaremos desse jeito.

Resta nosso respeito a todos os fabricantes de calçados de Igrejinha e do Brasil que insistem em gerar emprego nesse cenário caótico.

Vocês são guerreiros!

Eliseu Soares | Empresário | Boston/MA - EUA

Sobre o Autor

Igrejinhense de coração e gaúcho erradicado nos EUA há 25 anos, atua no mercado financeiro internacional.

Eliseu Soares | Empresário | Boston/MA - EUA


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