Escrevi há alguns dias sobre o desafio de enfrentarmos uma pandemia global, situação para a qual esta geração não foi preparada e sem precedentes nas últimas décadas. Da noite para o dia, os sistemas educacionais viram-se obrigados a reinventar metodologias, modificar meios de interação e conviver com a incerteza sobre a normalização das atividades.
Apesar de algumas previsões indicarem o ensino a distância como o futuro da Educação, acredito que na educação básica essa modalidade jamais poderá substituir o ensino presencial. A interação contínua e a dinâmica social do ambiente escolar são fatores indispensáveis na formação dos estudantes. No entanto, é importante destacar que o ensino já deveria estar sendo complementado há muito tempo por essa modalidade, tendo em vista toda a gama de possibilidades que ela oferece.
Nos últimos anos, a nossa sociedade foi se tornando mais ágil, dinâmica e conectada. Esse é o retrato das primeiras décadas do século 21. A Educação precisa mostrar que está alinhada à dinâmica social e que prepara cidadãos para o mundo real. Nessa nova concepção, alunos são partícipes ativos do processo de aprendizagem, devem ser preparados para resolver problemas concretos de forma autônoma, sabendo se posicionar utilizando pensamento científico, crítico e criativo. O começo dessa guinada é a maior atenção que as instituições de ensino tem dado para a produção de projetos de iniciação científica.
Para a Escola entrar de fato no século 21, a barreira da difusão da cultura digital ainda precisa ser vencida. Ainda há um número de laboratórios de informática longe do ideal, e faltam profissionais com formação específica na área para orientar os alunos no Brasil. Os estudantes dos anos finais, que dominam a utilização de aplicativos de jogos e redes sociais, em sua maioria, apresentam dificuldades para utilizar recursos simples como um editor de textos.
A suspensão prolongada das aulas devido à quarentena pode ser uma oportunidade para as redes de ensino romperem paradigmas e refletirmos sobre pontos importantes relacionados ao uso da internet no cotidiano escolar. Alguns desafios-chave precisam ser superados: qualificação dos profissionais de educação, universalização do acesso, qualidade das conexões, formas de avaliar a evolução dos alunos e de mensurar a qualidade do ensino nos meios digitais.
É apenas por meio da superação desses desafios que a Educação no Brasil pode enfim romper as amarras que ainda tornam a sala de aula tão parecida com a dos séculos anteriores. É a hora zero da Educação no século 21, imposta pela necessidade de adaptação a uma nova realidade.
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